28.11.09

Um papinho sério...

Namorar... ficar... beijar na boca... Legal, né? O nosso desejo nos faz sentir vivos(as),importantes. Afinal, escolher e ser escolhido(a), é um direito. Acontece que nem sempre é assim já que muitas vezes esse direito é violado. A violência sexual contra crianças e adolescentes se faz cada vez mais visível. É um fenômeno mundial com forte incidência em nosso Estado. De todos os lados aparecem casos absurdos. Atinge meninas e meninos pobres, ricos(as), brancos(as), negros(as). Muitas vezes dentro da própria casa. Quase sempre com a cumplicidade de outras pessoas.
“Diz aí”, que sexo com crianças “tem nada a ver”, “mó mentira ”. Ao invés de prazer e alegria, causa medo, tristeza, raiva, revolta. Assim é crime, covardia. Assim, é expressão de poder, força, dinheiro, saber, ou qualquer meio que o(a) outro(a) use pra nos fazer sentir “não gente”.
É bom ficar ligado(a): a violência sexual é crime. Ninguém pode fazer isso. Nem namorado, pai, padrasto, professor, tio, médico, padre... o que for... Nem o capital, nem a internet, nem a globo, o caramba! Não pode tirar foto, passar a mão, expor o corpo, ameaçar. Prometer em troca bala, ovo de páscoa, lanche no Mac Donald´s... e depois sair normalmente como se nada tivesse acontecido.
A violência sexual tira a nossa humanidade. Passa por cima de importantes etapas. Nos faz sentir pequenos(as). “Sem forças ó”... sem tesão pra vida. Principalmente quando de forma covarde, nos vêem como culpados(as). Agressores(as), ao invés de vítimas. “Pode crer”, assim fica difícil estudar, cantar, comer, dormir...fica difícil viver.
É necessário saber o porquê dessa estória toda. Discutir as relações de poder. Não dá pra ficar só nas conseqüências. É preciso discutir “sem neuras ” duas coisas: primeiro, o direito a própria sexualidade; segundo, que direito a gente só usufrui estando em condições, inclusive de escolher. Se for obrigação, deixou de ser direito! Sempre que for violado é preciso agir, fazer um auê. Buscar pessoas, fóruns, construir redes. Denunciar, cobrar das autoridades e instituições um amplo acompanhamento de cada caso: não só jurídico mas psicosocial.
Quem é menina fica pra sempre marcada pelo preconceito machista. Sempre haverá um olhar de dúvida, ainda que indiretamente, “sobre a sua honra”. Quem é menino, vai sentir esse olhar “de cara ”, já que por culpa desse mesmo machismo, o critério de honra masculino é “ser heterossexual”.
É barra...Por essas e outras é preciso punir os culpados. Sem desculpas. Não tem álcool, baixos salários, drogas, ou transtornos mentais... é violência e acabou. Não se trata de vingança. Se trata de justiça. E é preciso agir antes também. Se informar, conversar com a galera, seja na rua, na escola, no ônibus, em casa... amanhã ou depois pode ser com qualquer um(a), inclusive com você que está lendo. Se liga ! Proteger o(a) agressor(a)é ser cúmplice. Fingir que não vê é ser omisso(a). Não importa se vizinho(a), mãe, Estado, Igreja, ou até a gente mesmo que olha e depois esquece... muda de canal...
As crianças e adolescentes vitimados pelo abuso e violência sexual têm em comum uma coisa: não tiveram o seu direito levado em conta, pisaram nele. Essas pessoas foram duramente atingidas. No corpo, na alma, nos sonhos... Não puderam fazer opções. Suas famílias também. Seus amigos.
“Na real, na real”, esse pessoal todinho merece ser feliz. Não são meros números. São cidadãs(ãos). Jovens como você, com direitos que precisam ser garantidos.

Uma contribuição de Cícera Andrade
Fortaleza - Ceará

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